
Um dos primeiros trabalhos do Spielberg, provavelmente um dos seus filmes mais impactantes. Partindo de um enredo extremamente simples, mas carregando uma maestria na construção de suspense e em seus personagens. A história gira em torno de um ataque de tubarões que começa a ocorrer numa pequena ilha dos Estados Unidos.
Spielberg usa de todos os recursos possíveis para nos
trazer tensão na água, em uma cena especifica em que o Brody, delegado da
cidade, um dos poucos que sabia da possibilidade de um tubarão estar nas águas,
fica observando as pessoas na beira da praia, diversos banhistas passam na
frente da câmera, com efeito, o diretor usa disso para fazer cortes
extremamente ritmados, que aos poucos se intensificam. O rosto de Brody e o mar
se alternam, até de fato algo acontecer, a espera é o suspense, o resultado é
só consequência do desejo construído. A cena ainda se intensifica por dois
motivos, o primeiro é que o delegado não suporta estar na água e assim, o
diretor usa do efeito vertigem, quase uma deformação do cenário ao fundo do
personagem para demonstrar seu pânico, e quando todos os corpos correm de um
lado para o outro dos banhistas já somos dominados pelo terror.
O prefeito da cidade resolve botar um preço pela cabeça
do animal, já que não gostaria que tais acontecimentos atrapalhassem o turismo de
sua cidade, que vive disso. Já Brody chama um especialista que compõe o trio de
personagens principais ao lado de um antigo pescador. Um trio tremendamente
diferente, enquanto o especialista faz o papel do homem que ama o mar e que
acredita deter o saber sobre ele, o pescador mostra o seu conhecimento
empírico, e não só ama o mar, como também a caça. Enquanto os três personagens
se confinam num barco para caçar o suposto monstro, eles ganham uma potência extremamente
única como conjunto. Usando de brincadeiras e competições entre os personagens,
muito próprias do diretor, que sempre busca o lado humano em suas aventuras.
Spielberg criou aqui uma pérola do cinema de ação e
suspense, com cenas em subjetivo do animal acompanhado da magnifica e clássica trilha
sonora de John Williams, que nos permitem ter uma sensação de desastre
eminente. Diga-se de passagem que o trabalho de produção dos efeitos especiais
é tremendamente meticuloso e forte, tudo é feito de uma forma que salta aos
olhos, tem relevo. Com isso, Tubarão não só é uma aula de como narrar um filme
com um simples enredo, mas também de se debruçar sobre todos os pontos
presentes do cinema, seja a luz, o som, os efeitos, pois a organização de tudo,
isso é que define o cinema.
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