terça-feira, 28 de março de 2017

1975 – Tubarão (Steven Spielberg, EUA) ****1/2 (4.5)


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Um dos primeiros trabalhos do Spielberg, provavelmente um dos seus filmes mais impactantes. Partindo de um enredo extremamente simples, mas carregando uma maestria na construção de suspense e em seus personagens. A história gira em torno de um ataque de tubarões que começa a ocorrer numa pequena ilha dos Estados Unidos.
            
Spielberg usa de todos os recursos possíveis para nos trazer tensão na água, em uma cena especifica em que o Brody, delegado da cidade, um dos poucos que sabia da possibilidade de um tubarão estar nas águas, fica observando as pessoas na beira da praia, diversos banhistas passam na frente da câmera, com efeito, o diretor usa disso para fazer cortes extremamente ritmados, que aos poucos se intensificam. O rosto de Brody e o mar se alternam, até de fato algo acontecer, a espera é o suspense, o resultado é só consequência do desejo construído. A cena ainda se intensifica por dois motivos, o primeiro é que o delegado não suporta estar na água e assim, o diretor usa do efeito vertigem, quase uma deformação do cenário ao fundo do personagem para demonstrar seu pânico, e quando todos os corpos correm de um lado para o outro dos banhistas já somos dominados pelo terror.
            
O prefeito da cidade resolve botar um preço pela cabeça do animal, já que não gostaria que tais acontecimentos atrapalhassem o turismo de sua cidade, que vive disso. Já Brody chama um especialista que compõe o trio de personagens principais ao lado de um antigo pescador. Um trio tremendamente diferente, enquanto o especialista faz o papel do homem que ama o mar e que acredita deter o saber sobre ele, o pescador mostra o seu conhecimento empírico, e não só ama o mar, como também a caça. Enquanto os três personagens se confinam num barco para caçar o suposto monstro, eles ganham uma potência extremamente única como conjunto. Usando de brincadeiras e competições entre os personagens, muito próprias do diretor, que sempre busca o lado humano em suas aventuras.

           
Spielberg criou aqui uma pérola do cinema de ação e suspense, com cenas em subjetivo do animal acompanhado da magnifica e clássica trilha sonora de John Williams, que nos permitem ter uma sensação de desastre eminente. Diga-se de passagem que o trabalho de produção dos efeitos especiais é tremendamente meticuloso e forte, tudo é feito de uma forma que salta aos olhos, tem relevo. Com isso, Tubarão não só é uma aula de como narrar um filme com um simples enredo, mas também de se debruçar sobre todos os pontos presentes do cinema, seja a luz, o som, os efeitos, pois a organização de tudo, isso é que define o cinema. 

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