
O filme que revolucionou o uso
dos efeitos visuais na virada do século, dirigido pelas irmãs Wachowski que
atualizam o mito da caverna de Platão para um mundo cyber-punk e narra a busca
pela liberdade como um filme de ação.
Contando a história de Thomas Anderson (que depois se torna Neo), que
trabalha com softwares em um escritório, de um dia para o outro sua vida muda
quando começa a ser perseguido por um homem que acredita que ele é o escolhido
para salvar a humanidade da alienação. Mas o que acontece com humanidade que
ninguém vê?
No filme, o mundo em que vivemos é uma ilusão criada por
uma população de A.I que se tornaram ditadoras do verdadeiro mundo, um cenário
distópico bem assustador e claustrofóbico, em que os seres humanos são forçado
a viver no mundo das ideias. Essa dupla realidade é muito bem explorada
visualmente com o uso de reflexos no filme, principalmente as duas lentes do
óculos de Morpheus, em que vemos a cena duplicada. Morpheus faz parte de um
grupo que quer treiná-lo para finalmente conseguirem liberar grande parte dos
humanos dessa ilusão.
É interessante ver a motivação de alguns dos personagens,
“liberte sua mente”, repetem incisivamente, o que está por baixo do véu do
real, que não vemos? Que máquina é essa que destrói a potência humana e o torna
completamente aquém de uma vida realmente produtiva, na qual possa se construir
ao invés de ser uma peça numa engrenagem enferrujada. A proposta do filme é gigante,
começamos a duvidar de qualquer coisa que soe como uma falha no sistema, como
um déjà vu, ou uma mulher de vestido vermelho em meio ao cinza urbano.
Percebe-se também uma discussão relevante sobre o conforto que é se rodear de
mentiras para se sentir melhor, no qual grande parte dos humanos estão
vivenciando até nesse momento, quando acompanham o mundo apenas pela tela de
uma TV e pouco sabem o que de fato ocorre nas ruas, ou se negam a olhar para o
lado.
Apesar
do conteúdo altamente filosófico, o que impressiona ainda mais no filme são
suas cenas de ação, conseguindo misturar o CGI às coreografias e impondo ritmos
distintos com a câmera lenta, criando uma identidade que hoje parece muito
usual, mas foi construída de maneira única no filme. Altamente revolucionário,
os efeitos especiais tem um papel de importância e apesar do grande uso de
fundo verde, vemos uma mescla presente entre efeitos práticos e CGI, que de
fato, sempre criam resultados muito mais relevantes e que geram muito mais
afecções no espectador. Não se encerrando por aí, a fotografia escura e
completamente esverdeada do filme ajudam a dar um tom cibernético e que no fim
parecem fazer ainda mais sentido poético.
O
único porém do filme foi a personagem da Trinity que se revelou por ser frustrante,
foi criada com certa expectativa que pouco foi comprida. As Wachowski não
exploraram bem a gama de personagens expostos e propositalmente deixaram
espaços abertos, sugerindo uma possível sequência (que existe, já que é uma
trilogia). Ao fim do filme, se sente satisfação o suficiente para o filme
sobreviver como uma obra solo.
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