quarta-feira, 29 de março de 2017

1999 – Matrix (Lily e Lana Wachowski, EUA) ****1/2 (4.5)

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O filme que revolucionou o uso dos efeitos visuais na virada do século, dirigido pelas irmãs Wachowski que atualizam o mito da caverna de Platão para um mundo cyber-punk e narra a busca pela liberdade como um filme de ação.  Contando a história de Thomas Anderson (que depois se torna Neo), que trabalha com softwares em um escritório, de um dia para o outro sua vida muda quando começa a ser perseguido por um homem que acredita que ele é o escolhido para salvar a humanidade da alienação. Mas o que acontece com humanidade que ninguém vê?
            
No filme, o mundo em que vivemos é uma ilusão criada por uma população de A.I que se tornaram ditadoras do verdadeiro mundo, um cenário distópico bem assustador e claustrofóbico, em que os seres humanos são forçado a viver no mundo das ideias. Essa dupla realidade é muito bem explorada visualmente com o uso de reflexos no filme, principalmente as duas lentes do óculos de Morpheus, em que vemos a cena duplicada. Morpheus faz parte de um grupo que quer treiná-lo para finalmente conseguirem liberar grande parte dos humanos dessa ilusão.
           
É interessante ver a motivação de alguns dos personagens, “liberte sua mente”, repetem incisivamente, o que está por baixo do véu do real, que não vemos? Que máquina é essa que destrói a potência humana e o torna completamente aquém de uma vida realmente produtiva, na qual possa se construir ao invés de ser uma peça numa engrenagem enferrujada. A proposta do filme é gigante, começamos a duvidar de qualquer coisa que soe como uma falha no sistema, como um déjà vu, ou uma mulher de vestido vermelho em meio ao cinza urbano. Percebe-se também uma discussão relevante sobre o conforto que é se rodear de mentiras para se sentir melhor, no qual grande parte dos humanos estão vivenciando até nesse momento, quando acompanham o mundo apenas pela tela de uma TV e pouco sabem o que de fato ocorre nas ruas, ou se negam a olhar para o lado.

Apesar do conteúdo altamente filosófico, o que impressiona ainda mais no filme são suas cenas de ação, conseguindo misturar o CGI às coreografias e impondo ritmos distintos com a câmera lenta, criando uma identidade que hoje parece muito usual, mas foi construída de maneira única no filme. Altamente revolucionário, os efeitos especiais tem um papel de importância e apesar do grande uso de fundo verde, vemos uma mescla presente entre efeitos práticos e CGI, que de fato, sempre criam resultados muito mais relevantes e que geram muito mais afecções no espectador. Não se encerrando por aí, a fotografia escura e completamente esverdeada do filme ajudam a dar um tom cibernético e que no fim parecem fazer ainda mais sentido poético.

O único porém do filme foi a personagem da Trinity que se revelou por ser frustrante, foi criada com certa expectativa que pouco foi comprida. As Wachowski não exploraram bem a gama de personagens expostos e propositalmente deixaram espaços abertos, sugerindo uma possível sequência (que existe, já que é uma trilogia). Ao fim do filme, se sente satisfação o suficiente para o filme sobreviver como uma obra solo.  

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