quinta-feira, 30 de março de 2017

2013 – Fruitvale Station (Ryan Coogler, EUA) **** (4)


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Filme de estreia do diretor Ryan Coogler tem como uma estética muito própria dos filmes independentes americanos ao retratar questões sociais muitos presentes nos EUA. Contando a história real de Oscar Grant, jovem de 22 anos, negro, com uma pequena filha de 4 anos, que foi morto pela polícia, ato este que foi gravado em diversos celulares que filmavam a má conduta policial com os jovens negros na noite de Réveillon de São Francisco. E é exatamente com um vídeo real do fato que o filme se inicia.
            
Sabendo desde o início da morte de seu protagonista, o filme ganha um tom bem melancólico, por mais sereno que o dia do jovem aparente. O filme é um aprofundamento na vida de Grant, sua tentativa de sair da vida de traficante de bairro, sua demissão inesperada, seu amor por sua família, e grandes dificuldades que ele já passou no passado que o prendem, o impedem de ascender na vida. Um diálogo forte antecede a ida de Grant e sua esposa de se encontrar com os amigos em São Francisco. Sua filha escuta os fogos e já os relaciona com tiros, pedindo para o seu pai tomar cuidado, criando em nós a dúvida do que será que essa criança já vivenciou?
            
Dessa forma, o ponto principal do filme são as relações raciais, e por meio de simples momentos o diretor expressa o preconceito em todos os lugares, como nos cartões de Natal, “Compre um cartão de Natal, mas não daqueles cheio de gente branca”. É da sutileza que o diretor constrói os encontros de Grant no dia, como uma mulher querendo saber mais como preparar uma refeição, ou durante a festa na rua que ajuda uma mulher grávida a achar um banheiro em uma loja, logo conversa com seu marido que fala sobre casamento, sobre questões futuras e até pega o seu cartão, entrando em nossa mente uma suposição de um emprego.

            
Ver tudo isso acaba por ser doloroso e por mais que todos os sinais já houvessem sido dados, a cena consegue ser de um afeto tamanho que ficamos sem muita reação. Portanto, o filme é um breve relato sobre o fim de uma vida pelo abuso de poder da polícia, mas não só isso, um relato sobre o preconceito racial que mata todos os dias jovens vidas inocentes.

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