
Filme de estreia do diretor
Ryan Coogler tem como uma estética muito própria dos filmes independentes
americanos ao retratar questões sociais muitos presentes nos EUA. Contando a
história real de Oscar Grant, jovem de 22 anos, negro, com uma pequena filha de
4 anos, que foi morto pela polícia, ato este que foi gravado em diversos
celulares que filmavam a má conduta policial com os jovens negros na noite de
Réveillon de São Francisco. E é exatamente com um vídeo real do fato que o
filme se inicia.
Sabendo desde o início da morte de seu protagonista, o
filme ganha um tom bem melancólico, por mais sereno que o dia do jovem
aparente. O filme é um aprofundamento na vida de Grant, sua tentativa de sair
da vida de traficante de bairro, sua demissão inesperada, seu amor por sua
família, e grandes dificuldades que ele já passou no passado que o prendem, o
impedem de ascender na vida. Um diálogo forte antecede a ida de Grant e sua
esposa de se encontrar com os amigos em São Francisco. Sua filha escuta os
fogos e já os relaciona com tiros, pedindo para o seu pai tomar cuidado, criando
em nós a dúvida do que será que essa criança já vivenciou?
Dessa forma, o ponto principal do filme são as relações
raciais, e por meio de simples momentos o diretor expressa o preconceito em
todos os lugares, como nos cartões de Natal, “Compre um cartão de Natal, mas
não daqueles cheio de gente branca”. É da sutileza que o diretor constrói os
encontros de Grant no dia, como uma mulher querendo saber mais como preparar
uma refeição, ou durante a festa na rua que ajuda uma mulher grávida a achar um
banheiro em uma loja, logo conversa com seu marido que fala sobre casamento,
sobre questões futuras e até pega o seu cartão, entrando em nossa mente uma
suposição de um emprego.
Ver tudo isso acaba por ser doloroso e por mais que todos
os sinais já houvessem sido dados, a cena consegue ser de um afeto tamanho que
ficamos sem muita reação. Portanto, o filme é um breve relato sobre o fim de
uma vida pelo abuso de poder da polícia, mas não só isso, um relato sobre o
preconceito racial que mata todos os dias jovens vidas inocentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário