quinta-feira, 9 de novembro de 2017

2015 – Emelie (Michael Thelin, Canadá) **1/2 (2.5)

 photo Emelie-01-1_zpsgxdrkczt.jpg 
       
O enredo parece trazer certo esboço que recorda A Órfã e todo imaginário que ronda a cabeça dos pais ao contratarem babás desconhecidas. Sua premissa é realmente interessante para o suspense, um casal decide deixar seus três filhos com uma babá novata, para, finalmente, terem um descanso de seus papéis de pais, assim como uma noite só deles. Porém, como é de se esperar a babá contratada tem intenções completamente diferentes.
            
No geral, se tem boas atuações, as crianças na medida do possível conseguem produzir interpretações próximas da uma espontaneidade ingênua, principalmente a criança mais velha (mais ou menos 11 anos) que realmente é muito mais exigida. Sarah Bolger que interpreta a babá, atravessa bons momentos, mas em grande parte não causa medo, sua postura e maneira de agir lembram demais a situação de disfarce que ocorre no filme da A Órfã, existe até mesmo certo implicação sexual bizarra investida, para que exista uma conquista para com as crianças. Essa tensão sexual faz parte de um jogo quase que ritualístico que ela propõe com a criança, exigindo-as que quebrem as regras, ultrapassando os limites delas e induzindo-as a fazerem coisas que não gostariam. Por conta de pequenos momentos é possível perceber que ela tem um objetivo bem notório, este é o de capturar uma daquelas crianças. A revelação de seus motivos para tal ato acontece de maneira bem expositiva, apesar de surgir de um momento lúdico.
            
Infelizmente, apesar das transgressões que Emelie suscita, elas não produzem, em praticamente nenhum momento, um efeito de intensidade. Isto acontece, pois, a situação perdura sem muitos estragos. É possível dizer que narrativamente é coeso e crível, mas em questão de suspense e angústia tudo passa como uma leve brisa. Não que seja necessário um choque, sangue e exposição, porém mais suspense, mais espera, mais dúvida e por fim, algo que seja realmente irruptivo. Algo além da revelação dos motivos da babá.
            
Por todo o filme a estética é simples, porém torna-se falha quando as cenas são conduzidas do lado de fora da casa. Parece haver pouquíssima noção de filmar na escuridão, é difícil entender as ações dos personagens, é como se a iluminação se tornasse inútil. A montagem também não parece muito organizada, o que também ajuda nessa dificuldade de entendimento da sequência que ocorre fora da casa. Sequência esta que pelos resultados finais é uma das mais fortes do filme, porém como não se compreende tudo que ocorre, acaba por perder sua força.
          
Vale ressaltar, enfim, que apesar de uma ótima premissa e atuações bem realizadas, seus processos técnicos parecem falhar em momentos crucias. 

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