sábado, 11 de novembro de 2017

2016 – Free Fire (Ben Wheatley, Inglaterra) *** (3.0)

 photo FF038-e1490288641663_zpsb53dvb9i.jpg 
       
As comparações à Cães de Aluguel não são tão justas, o filme do Tarantino é muito mais intenso, bem narrado e possivelmente até mais jovial que esta estranha tentativa de Wheatley em produzir um filme em um ambiente só. Free Fire é sobre uma negociação de armas que dá errado, por conta de idiotices quaisquer, perdurando em seus noventa minutos num tiroteio que, apesar de produzir momentos realmente engraçados, cansa o espectador pela falta de inventividade.
            
Sim, o grande problema do filme se encontra na sua falta de inventividade. A relação dos personagens com a locação parece mal aproveitada, pois a maneira com qual o diretor usa de seu ambiente é convencional demais. O problema não é ser convencional, mas o convencional não sustenta esse tipo de narrativa num único ambiente. Por mais que o emaranhado de personagens seja divertido. Sua melhor arma são seus personagens, por mais que não sejam tão bem explorados, são figuras divertidas. Com ajuda é claro que de fantásticos atores, Cillian Murphy, com seu silêncio em maior parte, parece até construir um personagem ético, pelo menos é isso que o espectador almeja nele, por mais que saiba que todos que estão no local sejam criminosos; Armie Hammer surpreende, interpretando um personagem com certo carisma, Brie Larson aparece de forma razoável, apesar de sua personagem ter certa força por se destacar sendo a única mulher no meio dessa armadilha cheia de testosterona, por fim, vale ressaltar, também, o trabalho caricato de Sharlto Copley, um ator que trabalha sempre com o seu corpo por completo, aqui constrói uma caricatura que não surge como falsa, apesar de ser incômoda. 
            
A comédia é outro ponto que consegue fazer o espectador perseverar no longa, não só a comédia nos diálogos velozes, cheios de sarcasmo, mas principalmente na maneira que alguns momentos de ação conduzidos, como numa comédia de humor negro. É como o ditado surgido erroneamente a partir da Lei de Murphy, “se algo pode dar errado, vai dar errado”, é impressionante como tudo dá errado nesse filme. Talvez o exagero em sequência canse, assim como a própria duração do longa como citado. Muitos dos momentos são gastos com sequência de ação que parecem apenas estar ali para passar tempo, sem muito objetivo, talvez tenha um intuito mesmo de criar caos. Mas é um caos organizado demais, sincronizado demais em suas coreografias. Parece a ver pouco espaço para a espontaneidade (sendo vista apenas na composição de seus personagens e não em suas ações).
            
Ben Wheatley produziu obras que passeiam pelos gêneros do suspense, ação, drama e comédia, sempre um atravessando o outro. Free Fire é o seu filme menos interessante, parecendo como qualquer outro, sem força, apesar de ainda divertir e trazer um belo trabalho dos atores. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário