quarta-feira, 19 de abril de 2017

1955 – A Morte Passou por Perto (Stanley Kubrick, EUA) **** (4)

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O segundo filme Kubrick, apesar de muito curto, é extremamente superior ao seu primeiro trabalho. Emulando uma narrativa clássica do gênero Noir americano e com trabalho de fotografia muito vivido, assim como, já demonstra diversas características de seus subsequentes trabalhos, como os planos com profundidade de campo sobre o vazio.
            
A história sobre um boxeador que observa um ato de violência contra uma mulher por seu namorado pela janela de sua casa, e entra numa verdadeira enrascada quando se sabe que esse homem é um mafioso poderoso. O filme ainda opera por uma narrativa de flashback já que existem pontos em que o próprio protagonista narra o passado em uma estação de trem, em estado aflito. Existe uma construção poderosa do diretor em compor o seu personagem, usando da iluminação como principal potência para expressar a solidão dele. As cenas de luta de boxe são impressionantes, muito antes de Scorsese criar um tom quase místico para a luta de boxe em Touro Indomável, Kubrick constrói uma luta tremendamente intensa, a câmera e a montagem compõe um caos organizado da luta.
            
Ao avançar no enredo, o diretor mostra uma retrato luminoso das ruas de Nova York, criando um cenário poderoso da luz que emana entre o cinza, o preto e branco. Ainda nas ruas, usa das sombras para criar mistério e pavor. Por fim, durante os momentos finais monta uma cena de ação dentro de uma fábrica de manequins de forma assustadora, talvez mostrando toda a loucura que ele iria alcançar tanto em Laranja Mecânica como em O Iluminado, sendo uma cena muito simbólica para o filme. Já que no momento não se sabe mais qual história é verdadeira, a do marido ou a da mulher, dessa forma, uma batalha dentro de um cenário, cheio de pedações de corpos falsos que encurralam seus personagens é tremendamente poderoso.

            
Portanto, Kubrick ainda não havia constituído seu estilo estético que se assume de forma perfeita em Glória Feita de Sangue, mas já esboçava um pouco todo seu potencial com a narrativa visual. Podendo-se considerar um bom Noir, que não foge muito dos seus clichês narrativos, mas com uma direção e fotografia muitos diferentes e eloquentes.

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