
Primeiro filme de Cronenberg,
Stereo é uma interessante mistura entre o documentário cientifico e a ficção
cientifica, porém sua estrutura narrativa é monótona, e sua produção de som
dificulta a imersão na obra. Um falso documentário sobre estudo de dependência
telepática, relação analisada em cinco sujeitos.
É interessante o filme ser completamente mudo, nem
existem sons diegeticos, ou seja nem passos, nem o vento, nada do ambiente
expõe o sonoro. O único som é o do voice-over do cientista explicando seu
experimento, sendo que poucas são as vezes que essa voz adentra nas silenciosas
cenas dos cinco sujeitos correndo, sentados, se relacionando de maneira
estranha pelo ambiente moderno da Faculdade de Toronto completamente vazia, nos
fazendo explorar esse ambiente que se torna ainda mais alienante. Seu
experimento consistia numa superação da família tradicional, e construir uma
nova família por uma relação telepática, mas que no fim das contas é preciso
estar apaixonado sexualmente ainda pelo sujeito para que sua dependência
telepática exista, ou seja, Cronenberg explora aqui uma ficção cientifica
extremamente Freudiana, já trazendo o libido sexual como o que constrói o
relacionamento humano e principalmente a ideia omnisexualidade, ou que seria a
pansexualidade.
Os personagens não tem muita identidade, e realmente
pouco se explora isso, o foco acaba por ser na relação deles, dos corpos dele,
caminhando pelo ambiente vazio. Não é possível entender o que realmente ocorre
nas imagens, nem por isso são imagens frágeis, muitas delas são marcantes.
Porém, fica apenas por aí, um verdadeiro experimento entre imagens e temáticas
cientifico sexual, que se arrasta bastante até seu fim, apesar das
interessantes investidas no campo da ficção cientifica.
Pode-se dizer que é um filme um tanto acadêmico para
alguém como Cronenberg, e aparentando ter pouquíssimos recursos também. Já
demonstrando aqui sua paixão por explorar a somatização dos sintomas
psicológicos, principalmente pelo body horror que viria a se tornar tão
conhecido. Portanto, o filme é indulgente, com uma temática extremamente
criativa e inteligente, porém uma narrativa em voice-over, técnica demais,
repetitiva demais que diminuíram seu ritmo e praticamente o paralisaram.
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