sexta-feira, 28 de abril de 2017

1969 – Stereo (David Cronenberg, Canadá) **1/2 (2.5)




Primeiro filme de Cronenberg, Stereo é uma interessante mistura entre o documentário cientifico e a ficção cientifica, porém sua estrutura narrativa é monótona, e sua produção de som dificulta a imersão na obra. Um falso documentário sobre estudo de dependência telepática, relação analisada em cinco sujeitos.
            
É interessante o filme ser completamente mudo, nem existem sons diegeticos, ou seja nem passos, nem o vento, nada do ambiente expõe o sonoro. O único som é o do voice-over do cientista explicando seu experimento, sendo que poucas são as vezes que essa voz adentra nas silenciosas cenas dos cinco sujeitos correndo, sentados, se relacionando de maneira estranha pelo ambiente moderno da Faculdade de Toronto completamente vazia, nos fazendo explorar esse ambiente que se torna ainda mais alienante. Seu experimento consistia numa superação da família tradicional, e construir uma nova família por uma relação telepática, mas que no fim das contas é preciso estar apaixonado sexualmente ainda pelo sujeito para que sua dependência telepática exista, ou seja, Cronenberg explora aqui uma ficção cientifica extremamente Freudiana, já trazendo o libido sexual como o que constrói o relacionamento humano e principalmente a ideia omnisexualidade, ou que seria a pansexualidade.
            
Os personagens não tem muita identidade, e realmente pouco se explora isso, o foco acaba por ser na relação deles, dos corpos dele, caminhando pelo ambiente vazio. Não é possível entender o que realmente ocorre nas imagens, nem por isso são imagens frágeis, muitas delas são marcantes. Porém, fica apenas por aí, um verdadeiro experimento entre imagens e temáticas cientifico sexual, que se arrasta bastante até seu fim, apesar das interessantes investidas no campo da ficção cientifica.

            
Pode-se dizer que é um filme um tanto acadêmico para alguém como Cronenberg, e aparentando ter pouquíssimos recursos também. Já demonstrando aqui sua paixão por explorar a somatização dos sintomas psicológicos, principalmente pelo body horror que viria a se tornar tão conhecido. Portanto, o filme é indulgente, com uma temática extremamente criativa e inteligente, porém uma narrativa em voice-over, técnica demais, repetitiva demais que diminuíram seu ritmo e praticamente o paralisaram.

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