quinta-feira, 13 de abril de 2017

2016 – Lion (Garth Davis, Austrália e Índia) ***1/2 (3.5)

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Lion é uma bela história, contada com uma leveza incrível, mas que em seus momentos cruciais acaba por não gerar tanto afeto. Filme de estreia (na ficção pelo menos) do diretor australiano Garth Davis, contando a história de Saroo, um menino que se perde de seu irmão e acaba por viaja pela Índia até ser adotado por um casal australiano, desdobrando-se na vontade de conhecer sua família real.
            
O filme é divido claramente em duas partes, Saroo enquanto criança e depois já adulto. O início do filme mostra um primoroso trabalho de construção de carisma do pequenino ator que interpreta o protagonista, não só pela sua irresistível fofura, mas também pelos planos que mostram sua pequenez, sua solidão ao se perder. A fotografia é poderosa criando enquadramentos com uma grande profundidade de campo, aos poucos afunilando o menino no quadro, o afugentando. Todo esse primeiro momento é simples e extremamente lúdico, sem medo também de mostrar o absurdo da vida de crianças nas ruas. Ao ser adotado, ele tem uma rápida adaptação diferente de seu irmão adotivo que apesar de pouco explorado (até porque não era bem a intenção do filme falar sobre isso) mostra a verdade, eles não são folhas em branco, eles têm um passado, Mantosh não consegue conviver direito nesse meio. Seus pais, apesar de também pouco explorados, têm boas atuações, ainda mais a Nicole Kidman que parece até outra mulher.
            
O segundo momento do filme parte para o Saroo adulto, realizado por Dev Patel em uma ótima atuação, viaja à Melbourne (já que de fato morava na Tasmânia) para estudar administração de hotéis. Assim, conhece outros indianos e a ocidental Lucy, que acaba por ter um relacionamento com ele. É interessante se denotar como Saroo rejeita seu passado, o recalca de uma forma que parece desprezar suas origens. Ele só reconhece quem realmente é após um vínculo com uma comida, entrando em estado de catarse, aquelas reações sensórias mudaram o curso da vida dele. Porém, a busca em si pela sua família acaba por ser lenta e sem muito impacto, já que os longos momentos de busca no google intercalados com poucos momentos de real aflição e de produção de conflitos do personagem enfraquecem o filme. Não é que não exista conflitos, existem, mas são pouco explorado, focando mais no uso da ferramenta tecnologia para busca, algo que não deixa de ser válido, mas que perde a força produzida durante todo o filme.

            
A trilha sonora e a fotografia são muito tocantes e vão compondo muito bem a sensação de estar perdido e de busca que ocorrem no filme, não sendo em nenhum momento exagerado ou forçado. É com essa leveza que Davis enquadra seus personagens e constrói um belo filme, que poderia ser muito mais potente se tivesse um roteiro que explorasse mais a gama de personagens interessantes e os grandes conflitos do personagem. 

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