
Há
tempos se espera que produzam grandes filmes sobre as histórias dos vídeos
games. O ano de 2016 teve duas tentativas que gerou grandes expectativas,
Warcraft e Assassin’s Creed. Infelizmente, nenhum dos dois foi bem-sucedido,
nem pelos fãs, nem pelo público geral, apesar do bom repertório dos diretores
cotados, Duncan Jones (Lunar) e Justin Kurzel (Macbeth). No caso de Assassin’s
Creed, a história foi completamente modificada, focando nos elementos menos
intrigantes do enredo, sem contar um uso frágil e inseguro dos aspectos visuais,
tornando o universo criado plástico. A história narrada é a de Callum Lynch,
foi preso e ao fingirem sua morte para o mundo, se torna um experimento de Alan
Rikkin e Sophia Rikkin, que consiste em usar dos genes do sujeito para fazê-lo
vivenciar a memória de seus antepassados, Lynch foi escolhido pois era
descendente de Aguilar, um homem membro da guilda dos assassinos.
Não só falhando em seu enredo, o
filme consegue ser fraco em sua estética, uma montagem com cortes demais,
muitas vezes desnecessários, tornando muitas cenas confusas, principalmente as
de ação. Já era bem sabido, também por seus filmes anteriores, que o Kurzel
utiliza uma fotografia com cores saturadas e pesadas, entretanto aqui elas
aparecem criando um peso pouco útil à narrativa. Pois usa de muitos locais
fechados e escuros, o que faz perder o impacto das cenas (algo que funcionou
tremendamente bem em Macbeth, seu filme anterior, as cenas das guerras, aliada
à câmera lenta, se tornaram emblemáticas), mas uma das grandes falhas se
encontra na produção de efeitos visuais. A montagem, como já citado, é muito
veloz, ao ponto de parecer tentar esconder uma insegurança na produção das
cenas de luta, tentando produzir mais intensidade com muitos cortes, o que
infelizmente no caso deste filme, causa certa confusão. Existe um momento
terrível na utilização de CGI, em que Aguilar pula em direção ao mar e seu
corpo seu move claramente de forma falsa e até mesmo bizarra, esse, que deveria
ser um dos pontos altos do filme, como é no jogo. Os grandes saltos deveriam
gerar tanta intensidade quando fossem produzidos, aqui só parecem falsos. Tão
falsos quanto a produção de cenário, não se sente no passado com as cenas de
Aguilar, até pelo fato do enredo praticamente excluir qualquer relevo a este
momento, o foco se vai completamente para Callum e os cientistas. Chega a ser
irritante a variação de tempos, um interrompendo o outro, principalmente nas
cenas de ação. Dessa forma, a construção estética do filme se perde
completamente, fazendo um roteiro já falho se arrastar.
Os ótimos atores como Michael
Fassbender (Callum Lynch), Marion Cotillard (Sopha Rikkin), Jeremy Irons (Alan
Rikkin), Brendan Glesson (Joseph Lynch) e, em menores papéis, Charlotte
Rampling e Michael K. Williams. Todos
eles parecem perder sua intensidade, Jeremy Irons produz um estereótipo,
Fassbender não consegue construir seu personagem, nem mesmo deixando críveis
suas tomadas de decisão, apesar de corporalmente se expressar muito bem, Cotillard
ainda consegue algo de interessante, pois sua química com o Fassbender é a
única coisa que consegue segurar o filme por certo tempo. Porém, como todos os
personagens são mal explorados é difícil se apegar a elas. Portanto, toda
potência do filme em explorar a vivência genética de Callum Lynch se torna
apenas um recurso momentâneo para ocasionar algumas poucas cenas de ação, que
sempre deixam a desejar.
Assassin’s Creed decepciona os fãs
por praticamente não contar uma história com a mesma narratividade dos jogos,
pecando principalmente na ação e por fim decepciona até o público no geral, por
construir um enredo frágil, pouco envolvente.
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