quarta-feira, 16 de agosto de 2017

2016 – Assassin’s Creed (Justin Kurzel, Australia e EUA) ** (2.0)

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Há tempos se espera que produzam grandes filmes sobre as histórias dos vídeos games. O ano de 2016 teve duas tentativas que gerou grandes expectativas, Warcraft e Assassin’s Creed. Infelizmente, nenhum dos dois foi bem-sucedido, nem pelos fãs, nem pelo público geral, apesar do bom repertório dos diretores cotados, Duncan Jones (Lunar) e Justin Kurzel (Macbeth). No caso de Assassin’s Creed, a história foi completamente modificada, focando nos elementos menos intrigantes do enredo, sem contar um uso frágil e inseguro dos aspectos visuais, tornando o universo criado plástico. A história narrada é a de Callum Lynch, foi preso e ao fingirem sua morte para o mundo, se torna um experimento de Alan Rikkin e Sophia Rikkin, que consiste em usar dos genes do sujeito para fazê-lo vivenciar a memória de seus antepassados, Lynch foi escolhido pois era descendente de Aguilar, um homem membro da guilda dos assassinos.
            
Não só falhando em seu enredo, o filme consegue ser fraco em sua estética, uma montagem com cortes demais, muitas vezes desnecessários, tornando muitas cenas confusas, principalmente as de ação. Já era bem sabido, também por seus filmes anteriores, que o Kurzel utiliza uma fotografia com cores saturadas e pesadas, entretanto aqui elas aparecem criando um peso pouco útil à narrativa. Pois usa de muitos locais fechados e escuros, o que faz perder o impacto das cenas (algo que funcionou tremendamente bem em Macbeth, seu filme anterior, as cenas das guerras, aliada à câmera lenta, se tornaram emblemáticas), mas uma das grandes falhas se encontra na produção de efeitos visuais. A montagem, como já citado, é muito veloz, ao ponto de parecer tentar esconder uma insegurança na produção das cenas de luta, tentando produzir mais intensidade com muitos cortes, o que infelizmente no caso deste filme, causa certa confusão. Existe um momento terrível na utilização de CGI, em que Aguilar pula em direção ao mar e seu corpo seu move claramente de forma falsa e até mesmo bizarra, esse, que deveria ser um dos pontos altos do filme, como é no jogo. Os grandes saltos deveriam gerar tanta intensidade quando fossem produzidos, aqui só parecem falsos. Tão falsos quanto a produção de cenário, não se sente no passado com as cenas de Aguilar, até pelo fato do enredo praticamente excluir qualquer relevo a este momento, o foco se vai completamente para Callum e os cientistas. Chega a ser irritante a variação de tempos, um interrompendo o outro, principalmente nas cenas de ação. Dessa forma, a construção estética do filme se perde completamente, fazendo um roteiro já falho se arrastar.
            
Os ótimos atores como Michael Fassbender (Callum Lynch), Marion Cotillard (Sopha Rikkin), Jeremy Irons (Alan Rikkin), Brendan Glesson (Joseph Lynch) e, em menores papéis, Charlotte Rampling e Michael K. Williams. Todos eles parecem perder sua intensidade, Jeremy Irons produz um estereótipo, Fassbender não consegue construir seu personagem, nem mesmo deixando críveis suas tomadas de decisão, apesar de corporalmente se expressar muito bem, Cotillard ainda consegue algo de interessante, pois sua química com o Fassbender é a única coisa que consegue segurar o filme por certo tempo. Porém, como todos os personagens são mal explorados é difícil se apegar a elas. Portanto, toda potência do filme em explorar a vivência genética de Callum Lynch se torna apenas um recurso momentâneo para ocasionar algumas poucas cenas de ação, que sempre deixam a desejar.
            
Assassin’s Creed decepciona os fãs por praticamente não contar uma história com a mesma narratividade dos jogos, pecando principalmente na ação e por fim decepciona até o público no geral, por construir um enredo frágil, pouco envolvente. 

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