
Esse
era o projeto dos sonhos de Ben Affleck, inserindo-se no drama das máfias e no
suspense noir, reconstituindo com uma bela produção de design os anos da lei
seca nos Estados Unidos. Criando um universo interessante, com certa beleza
técnica, porém o longa parece morto em seu enredo imerso em clichês e histórias
que não se desenvolvem. Narrando a ascensão de Joe Coughlin, filho de um
policial, que acaba se envolvendo com a máfia até se tornar uma das mais fortes
figuras de poder desse mundo.
O elenco é primoroso. Mas nenhum
personagem se desenvolve efetivamente. Brendan Glesson, como o pai de Joe, não
chega a ter tempo o suficiente para produzir afeto. Os pares de Joe tanto Emma,
interpretada por Sienna Miller, quando Graciela, interpretada por Zoe Saldana,
soam artificiais, como estereótipos de sua época. O personagem protagonizado
pelo diretor passeia por diversas empreitadas, sejam as relações com Cuba que
surgiram nessa época no país, ou o racismo do KKK. Todos os acontecimentos não
parecem produzir nada de relevante para seu enredo principal que é a jornada
solitária de catarse de seu personagem. Não é que não servem para nada, porém,
são tantos sub-enredos que acontecem, que alguns vão se tornando menos efetivos
que outros.
O personagem de Ben Affleck, Joe
Coughlin, faz sim um personagem típico das histórias de máfia. Um homem que
está em busca de poder, sua atuação é muito condizente, inicia-se jovem, cheio
de ímpeto e ainda com um olhar de quem está descobrindo o que existe por dentro
das imagens esfareladas dos noticiários do jornal. Com o desenrolar da história
quanto mais ganha status, seu rosto vai parecendo mais cansado, seu olhar mais
distante. Sua atuação é bem realizada, porém algo que acentua ainda mais essa
sua transformação é sua vestimenta. No início do longa, veste preto, ou tons
escuros, como era comum à sua época. Depois quando se torna cansado deste
mundo, passa a usar branco. Ou seja, o homem que era implacável, faria o que
precisasse para chegar ao poder, se tornou frágil, por finalmente abriu seus
olhos para o mal que estava causando para os outros.
A direção de Affleck continua boa,
conseguindo produzir bons momentos de suspense, além de cenas de ação intensas.
Sabendo utilizar de seus cenários e do movimento de câmera como seus principais
mecanismos narrativos. As imagens compostas pela fotografia, sempre usando das
cores como potencial para certos tipos de sensação, é bem realizada. O grande
problema do longa reside em sua história, ou melhor a falta dela. A jornada de
Joe, se insere nessa estrutura episódica, que ao fim de casa episódio sente-se
um vazio, como se estivesse inacabado, no pior sentido possível. Por mais que
todos eles sejam caminhos dentro da jornada desse personagem, faltam-lhe algo,
parecem sem vida. Talvez sejam seus outros personagens que soam todos como
clichês, assim tornando cada evento pouco emocionalmente relacionável.
Dessa forma, Ben Affleck constrói um
filme que parece ter tudo para ser bom, tudo para ser marcante, mas se esvai em
sua história que não consegue afetar o espectador. Nem de maneia que o divirta,
seja alegre, nem que angustie e o deixe triste. Revestido num belíssimo visual,
mas se alongando de maneira completamente desnecessária a Lei da Noite se
estende em suas histórias fracas.
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