domingo, 28 de janeiro de 2018

2016 – A Lei da Noite (Ben Affleck, EUA) **1/2 (2.5)


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Esse era o projeto dos sonhos de Ben Affleck, inserindo-se no drama das máfias e no suspense noir, reconstituindo com uma bela produção de design os anos da lei seca nos Estados Unidos. Criando um universo interessante, com certa beleza técnica, porém o longa parece morto em seu enredo imerso em clichês e histórias que não se desenvolvem. Narrando a ascensão de Joe Coughlin, filho de um policial, que acaba se envolvendo com a máfia até se tornar uma das mais fortes figuras de poder desse mundo.
            
O elenco é primoroso. Mas nenhum personagem se desenvolve efetivamente. Brendan Glesson, como o pai de Joe, não chega a ter tempo o suficiente para produzir afeto. Os pares de Joe tanto Emma, interpretada por Sienna Miller, quando Graciela, interpretada por Zoe Saldana, soam artificiais, como estereótipos de sua época. O personagem protagonizado pelo diretor passeia por diversas empreitadas, sejam as relações com Cuba que surgiram nessa época no país, ou o racismo do KKK. Todos os acontecimentos não parecem produzir nada de relevante para seu enredo principal que é a jornada solitária de catarse de seu personagem. Não é que não servem para nada, porém, são tantos sub-enredos que acontecem, que alguns vão se tornando menos efetivos que outros.
            
O personagem de Ben Affleck, Joe Coughlin, faz sim um personagem típico das histórias de máfia. Um homem que está em busca de poder, sua atuação é muito condizente, inicia-se jovem, cheio de ímpeto e ainda com um olhar de quem está descobrindo o que existe por dentro das imagens esfareladas dos noticiários do jornal. Com o desenrolar da história quanto mais ganha status, seu rosto vai parecendo mais cansado, seu olhar mais distante. Sua atuação é bem realizada, porém algo que acentua ainda mais essa sua transformação é sua vestimenta. No início do longa, veste preto, ou tons escuros, como era comum à sua época. Depois quando se torna cansado deste mundo, passa a usar branco. Ou seja, o homem que era implacável, faria o que precisasse para chegar ao poder, se tornou frágil, por finalmente abriu seus olhos para o mal que estava causando para os outros.
            
A direção de Affleck continua boa, conseguindo produzir bons momentos de suspense, além de cenas de ação intensas. Sabendo utilizar de seus cenários e do movimento de câmera como seus principais mecanismos narrativos. As imagens compostas pela fotografia, sempre usando das cores como potencial para certos tipos de sensação, é bem realizada. O grande problema do longa reside em sua história, ou melhor a falta dela. A jornada de Joe, se insere nessa estrutura episódica, que ao fim de casa episódio sente-se um vazio, como se estivesse inacabado, no pior sentido possível. Por mais que todos eles sejam caminhos dentro da jornada desse personagem, faltam-lhe algo, parecem sem vida. Talvez sejam seus outros personagens que soam todos como clichês, assim tornando cada evento pouco emocionalmente relacionável.
            
Dessa forma, Ben Affleck constrói um filme que parece ter tudo para ser bom, tudo para ser marcante, mas se esvai em sua história que não consegue afetar o espectador. Nem de maneia que o divirta, seja alegre, nem que angustie e o deixe triste. Revestido num belíssimo visual, mas se alongando de maneira completamente desnecessária a Lei da Noite se estende em suas histórias fracas.             

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