
Este é o segundo longa de
Renoir após imigrar aos Estados Unidos por conta da Segunda Guerra Mundial,
onde a França foi tomada pelo governo nazista. É exatamente sobre essa
insatisfação que este filme do diretor que falar sobre, porém, o aspecto de
estúdio, retira a beleza do realismo do diretor e tornam suas composições
muito, mas muito enclausuradas. Narrando a história do professor Albert Lory,
interpretado Charles Laughton, em sua transformação de um medroso professor
para um mártir.
É inegável a importância deste filme para o seu tempo, é
um filme com grandíssimas pretensões, conseguindo veicular sua mensagem de
resistência. Além de que a atuação de Charles Laughton é estupenda, expressando
muitíssimo bem a transformação na qual sua personagem passa, onde começa a
desafiar governo local. Para contar essa história Renoir criou uma cidade
fictícia sendo invadida por um exército fictício. O cenário como um todo sofre
de uma plasticidade ruim, mal elabora, diversas cenas se enfraquecem por
parecerem pequenas, não de tamanho, mas sem profundidade visual, parece que há
poucos figurantes tornando ainda mais a sensação de que se está um estúdio
grande. Algo que até então se pensaria ser impossível para o diretor que
praticamente inventou o realismo no cinema, seu filme Toni é um precursor do
Neorrealismo Italiano. Portanto, há uma diferença óbvia de elaboração estética
do Renoir americano para o francês. Outro problema com que o filme acaba por
sofrer é por seu didatismo, a cena final, a do tribunal, na qual o professor
discursa e enfrenta toda a concepção fascista é realmente potente, porém sua
estrutura que parece até mesmo repetida de diversos filmes de tribunal, depende
unicamente de suas falas.
Além deste momento, o filme é recheado de diálogos
excessivos. Que não contém nem metade da poesia do diretor, porém conseguem
ainda assim contar uma boa história, principalmente com bons personagens. A mãe
do professor, a senhora Emma, o trata ainda como uma criança e chega até mesmo
a roubar leite para dar para o mesmo. Ou ainda, a Louise e Paul Martin, que não
só parecem guardar segredos, como também são personagens extremamente bem
desenvolvidos com o desenrolar da história, sofrendo cada vez de forma mais
íntima com a ditadura. Por fim, é cabível perceber, ainda mais que se trata de
um filme do Renoir, um elemento de sua estética: o trem. Talvez a cena mais importante
de todo o longa, carregando cada vez mais o flerte que o diretor faz com o
Noir, esta é a cena do longa que carrega consigo o maior realismo, não por ser
realista, mas por conseguir apreender a reviravolta que ocorre na mesma quase
sem plasticidade, até mesmo o tremor do enquadramento em cima do trem,
capturando ao fundo os soldados nazistas se acumulando na ponte convergem para
esta funcionalidade.
Dessa forma, Essa Terra É Minha, pode não ser um Renoir
dos mais poderosos esteticamente, sempre parece ter algo faltando. Mas ainda
assim tem uma relevância política imprescindível, um bom enredo, só lhe falta a
poesia que provavelmente sem a mesma liberdade artística o diretor não
conseguiu atingir.
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