sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

2013 – O Espelho (Mike Flanagan, EUA) *** (3.0)

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Em seu primeiro longa de sucesso, Flanagan já mostrava diversos aspectos que o tornam um interessantíssimo diretor de terror, um diretor que possuí uma estética que não se perde no conceito geral do gênero. Sua base principal sempre é narrar uma história que realmente tenha alguma dramaticidade, construindo de forma bastante sensorial e subjetiva a tensão. Este filme conta a história de Tim, jovem que saiu do hospital psiquiátrico, no qual passou grande parte de sua vida, e se prepara para encontrar com sua irmã que insiste para que os dois enfrentem o passado.
            
Obviamente existe uma base sobrenatural para os acontecimentos no passado deles. Seu pai matou a mãe e tentou matá-los, porém Tim, interpretado por Brenton Thwaites, o matou, quando bem pequeno. Enquanto Tim foi obrigado a passar todos esses anos no hospital psiquiátrico, Kaylie, interpretada com muita implicação por Karen Gillan, ficou pouco tempo numa instituição de órfãos, até mesmo conseguindo um bom emprego. Apesar de um futuro supostamente mais promissor, ela não conseguiu superar os eventos de seu passado realmente, enquanto seu irmão foi conduzido por anos de terapia a parar de pensar sobre as questões sobrenaturais na qual os acontecimentos ocorreram. Toda a culpa do evento é colocada num espelho que, por evidências encontradas por Kaylie, é amaldiçoado. Ela o estuda de maneira impressionante parar capturar provas de que o objeto realmente foi o culpado pelos assassinatos. Assim, dentro da casa eles precisam encarar o espelho e com diversos mecanismos para criar o contingente de captura, os dois irmãos evocam a memória, enquanto tem novamente a experiência de enfrentar o jogo de ilusões do objeto amaldiçoado.  
            
Com isto, o diretor constrói dois personagens fortes e por meio de uma montagem extremamente bem elaborada vai conectando os acontecimentos atuais com as memórias deles. De certa forma, deixando o ritmo do filme mais fluído, por mais que grande parte dele sejam puramente flashbacks. A princípio, a tensão vai se elevando com os sinais que Kaylie apontou sendo concretizados, enquanto as histórias evocadas pela memória – os flashbacks – são realmente mais tensas por envolver um total desconhecimento dos personagens sobre o que estava ocorrendo, ou seja, com sua direção subjetiva o espectador se vê mais próximo da posição do personagem. Entretanto, essa opção de organização do filme não só tornam a história no presente completamente óbvia, como também enfraquecem a tensão que é possível de se produzir. Assim, em certo ponto, questiona-se qual a necessidade da história atual, se seus efeitos são retraídos pelas memórias que compõem grande parte do filme. A premissa dos acontecimentos atuais é realmente interessantíssima, sem contar a possibilidade de elaboração dos personagens perante à repetição da experiência, porém é como se tudo se esvaísse, é como se ao saber do passado de seus personagens de maneira tão clara e exposta, seu presente vai se tornando só uma mera consequência daquilo, perdendo seu potencial de história a ser narrada.
            
Apesar deste impasse narrativo, o enredo geral tem um bom conteúdo, as atuações são muito boas, assim como consegue narrar com tensão grande parte do filme. Se o Espelho tem uma falha talvez seja expor demais, tornando a tensão cada vez mais frágil. 

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