
Taika
Waititi já está se tornando um grande nome da comédia contemporânea, brincando
com aspectos da comédia nonsense e da sátira, fazendo as piadas de diálogo tão
bem quanto as comédias visuais. Podendo fazer uma comparação com Edgar Wright,
um britânico, porém Waititi tem algo de novo, um toque neozelandês pouco usual.
Trabalhar em dupla com Jemaine Clement permitiu que os dois atuassem enquanto
conduzissem o filme. Narrado como um mockumentary, ou seja, um documentário
falso, conta a história de três vampiros (quatro, quando Petyr está acordado)
que vivem no interior da Nova Zelândia.
A introdução dos personagens é
geniosa, primeiro Viago, um dândi, protagonizado por Waititi cheio de trejeitos
flamboyant e expressões cômicas, sempre sorrindo quando não deveria, Vlad, um
nobre que empalava pessoas por diversão, interpretado por Clement, agindo como
um viciado em sexo diversas vezes, assim como é perturbado por seu passado e o
terceiro sendo Deacon, o mais novo entre eles, algo como um bad boy do passado,
sem contar o Petyr, algo como o Nosferatu que vive no porão e praticamente não
sai do caixão. Viago sendo o mais organizado, sempre reclamando da sujeira dos
outros, dos pratos mal lavados e do sangue no chão, pedindo para que eles
coloquem jornais no chão e sofá antes de matarem suas vítimas, o que se sucede
numa cena hilária. Existem pequenas entrevistas individuais que dão mais relevo
aos personagens, aprofundando cada um deles ao mesmo tempo que construindo mais
momentos cômicos com a história e estilo individual deles. Outra questão
narrativa bem utilizada é a de ser um falso documentário e diversos personagens
estranharem o uso das câmeras, ocorrendo interrupções de algumas cenas, como se
a piada, apesar de usual, chegasse de surpresa. A repetição também é crucial,
puxando algo em comum nas séries de comédia americana, em que algumas imagens
se repetem ou situações para intensificar o efeito cômico, algo comum em
sitcoms.
O principal motor do filme se
encontra nas suas relações com a modernidade e principalmente com os humanos,
quando são obrigados a aceitar um novo morador em sua casa, que acaba por
trazer um amigo humano, faz com que os vampiros criem uma relação de muita
amizade, pois este os insere num mundo tecnológico no qual eles nunca tiveram
acesso. Assistir ao pôr do sol pelo Youtube é algo que só vampiros ficariam
surpreendidos. É interessante notar, também, que quando saem de sua mansão
perturbadora sempre algo dá errado, errado demais, sejam encontros com
lobisomens, ou caçadores de vampiros, sempre construindo uma expectativa e a
satirizando, não há nada a ser levado a sério no filme, tudo é baseado no humor
e pela espontaneidade dos personagens e acontecimentos, parece que existe muita
coisa improvisada no filme. Não é à toa que o nonsense é tão proposital, pois
normalmente funciona muito mais visualmente que conceitualmente, os atores/diretores
compreendendo o efeito cômico que isso causa, principalmente em um
mockumentary, que pretende capturar a espontaneidade, utilizam desse recurso
diversas vezes, sem nunca o tornar chato, sempre conseguindo construir alguma
situação engraçado. Por toda idiotice que promove de forma desenfreada, porém
tão bem organizada consegue se tornar inteligente.
Portanto, Waititi e Clement fizeram
um bom trabalho em uma comédia despretensiosa, que surpreende e muito
visualmente, carregando uma espontaneidade e um senso de humor que estava em
falta no cinema.
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